quinta-feira, 27 de maio de 2010

TIC e formação de professores

A humanidade vive hoje um novo modelo de sociedade, denominado sociedade da informação. Nessa sociedade do conhecimento, há utilização cada vez maior de tecnologias da informação e comunicação (TICs), com destaque para os computadores. Como não poderia deixar de ser, essa nova realidade alcança também as instituições escolares, demandando, além dos equipamentos e ferramentas pertinentes, programas e projetos de formação de professores com a finalidade de incorporar essa nova lógica ao cotidiano escolar, atuando como elemento catalisador de mudanças no processo de ensino-aprendizagem.

Contudo, a introdução das TICs no ambiente escolar, deslocando o protagonismo para os alunos, suscita a discussão sobre o novo papel do professor no processo de ensino-aprendizagem, relativizando o lugar de transmissor do conhecimento. A rede mundial de computadores propiciou o acesso a infinitas fontes de informação, fazendo com que as instituições de ensino perdessem o monopólio sobre a transmissão do saber. E aí reside uma contradição que precisa ser solucionada: a instituição escola ainda é norteada pela lógica da transmissão (inicialmente oral e depois escrita), mediada pelos professores, enquanto a lógica das TICs é a de rede de informações, fluxos, acesso ilimitado, mediação cultural.

Esse atrito entre as lógicas traz outro ponto para reflexão: o papel dos docentes nesse “novo” processo de ensino-aprendizagem. Com a introdução dessas novas tecnologias, novas competências (mobilização de conhecimentos que possam ser transformados em ação) teriam que ser adquiridas pelos professores para mediar esse processo. A “lógica da rede” é descentralizada, a produção é cooperativa e extensa, enquanto o modelo de aprendizagem escolar é dirigido e sequenciado. Uma possível saída para esse impasse seria um posicionamento mais horizontal dos professores, menos autoritários, com as escolas adotando a interação inerente às TICs no processo de aprendizagem. Outra proposta seria a aprendizagem se configurar pela ação de grupos, com interações coordenadas consensualmente, tendo o professor como moderador.

A despeito das políticas públicas em educação e das inovações tecnológicas, com todo respeito e atenção que merecem, é ainda nas mãos do professor que estará o trabalho de fazer a transição entre o “velho” e o “novo” nessas transformações que se avizinham no ambiente das instituições de ensino. Por isso é importante que não se perca de vista a importância da escola como território formador e formativo, de significação das TICs, compreendendo o caráter técnico e instrumentalizador das tecnologias, tendo como consequência sua utilização pedagógica, possibilitando reafirmar o território singular da escola e a autoridade do professor neste espaço.



Postagem realizada por FERNANDO SARNO.

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